sexta-feira, janeiro 14, 2005

Notas

Atualizando nossos registros. Dri e as crianças ja foram para o hostal. Escrevo de Puerto Natales, uma inacreditavel cidadezinha em um dos braços do Pacifico que adentram Chile afora. é o mar como uma lagoa enorme ali na frente e ao fundo a cordilheira dos andes com uma presenca poderosa que ainda nao tinhamos visto. Alta, longinqua, inatingivel, intransponivel, coberta de gelo. A cerca de 110 km daqui estao as Torres del Paine e para la seguimos amanha cedo. A cidade tem uma leveza e um astral que nos encantou. Calma, tranquila, eternamente contemplando as montanhas (se situa em uma colina que se ergueu depois das planicies da Patagonia chilena que se estendem do Estreito de Magalhaes ate aqui - uma planicie interminavel mas com um colorido bem diferente do lado argentino, igualmente seca e com ventos tremendos, mas cheia de flores miudas em profusao que de longe parece que formam ondas que vem e que vao, guiadas pelo vento, animais cruzando o tempo todo: vimos dois zorros, o lobo daqui, ñhandus - um tipo de siriema - ovelhas, ovelhas e ovelhas, e passaros estranhos). Por aqui, nesta tranquilidade, gente do mundo todo se prepara, descansa e passeia, como se concentrando para o que vao ver ou acalmados pelo que viram.

Vou ser mais breve..........a internet aqui é leeeeeeeeeeeeeeeeeennnnnta e custa uma nota.
Saimos ontem de Ushuaia, deixando esta linda cidade para tras atraves da mesma estrada ate a baia azul, onde se da a travessia. Foi otimo ver a estrada pelo lado avesso. No sentido contrario, vi o que nao cabia no retrovisor na vinda. Na travessia houve alguma pane com as balsas, o que fez criar uma fila enorme depois do ripio, e gerou uma espera de mais de 3 horas (com direito a encontrar mineiros de Uberlandia - que estao fazendo nossa rota ao inverso e deram dicas preciosas a respeito do caminho - e um dentista de Londrina engraçadissimo). Por isso quando atravessamos a noite ja vinha caindo. Isso significava mais de 10:30. O hotel que havia depois da travessia exagerava no preco (como parece ser o caso de tudo aqui no Chile) por estar em um local estrategico). Como os meninos estavam animados para ver a noite, esticamos pela primeira vez na estrada, acompanhados por uma lua crescente inacreditavel quando vista deste lado do mundo em tao baixa latitude. Seguimos para Punta Arenas, ja que na estrada nao havia nada. So escuridao. Estrada excelente. Chegamos a PA por volta de meia noite e encostamos no primeiro hostal que deu rock. Bem zurrapa mas deu para dar uma boa descansada. Punta Arenas nao estava nos nossos planos, mas valeu a pena ver a cidade e dar uma volta nela hoje. Mui hermosa, antiga, castigada pelo vento (ate a igrejinha que vimos na orla do estreito é toda forrada de chapas de ferro). A viagem de la para ca foi maravilhosa. Fico falando do vento e vou dar uma escala. Pisando fundo no motor 2.8 turbodiesel intercooler, de quarta marcha, o ponteiro nao chega a 100km-h quando o vento esta contra. No trajeto San Sebastian-Chile-Baia Azul-Punta Arenas, que completa cerca de 200 e poucos km foi meio tanque de diesel, ou seja, nossa autonomia cai para cerca de 500km. Vou fazer as contas para marcar distancias entre os postos de abastecimentos que daqui para frente sao estrategicos. É isso........Talvez acampemos pelo Paine ou seguiremos adiante. Na nossa reta, El Calafate e depois a rota 40 subindo pelas mesetas patagonicas argentinas ja formando a alça de retorno para casa, que deve incluir um rapido trecho de novo no Chile, pela Carretera Austral, de Coihaque a Futalefu.

Notas folcloricas: por incrivel que pareça, os argentinos gentis e alegres em um pais para nos muito barato. e os chilenos, disciplinados e ligeiramente mal humorados e impacientes em um pais carissimo para nos. Bem ao contrario dos guias. Pode ter sido so coincidencia.
Abraços a todos que nos acompanham. E muchas gracias pelos comentarios. Estamos lendo todos.

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